Abaixo listamos, por ordem cronológica, alguns dos acidentes que marcaram a história da humanidade e sua relação com a radioatividade. 
A maioria desses acidentes ocorreu em usinas nucleares. Uma usina concentra grande quantidade de material radioativo, logo é natural que acidentes nessas instalações provoquem grande impacto.
Contudo, não podemos ignorar o risco de acidentes e contaminação em ambientes que frequentamos em nosso cotidiano, como descrito no texto abaixo sobre o acidente Goiânia. Nestse caso a demora na detecção foi determinante para a amplificação do impacto.

  • 1971 - Three Mile Island - EUA

    O acidente de Three Mile Island foi um derretimento nuclear parcial da Unidade 2 da central nuclear de Three Mile Island, no condado de Dauphin, perto de Harrisburg.

    O acidente começou às 4 da manhã da quarta-feira, dia 28 de Março de 1979, com falhas no sistema secundário não-nuclear, seguido por uma válvula de alívio operada por piloto do sistema primário que tinha ficado aberta, permitindo que grandes quantidades de líquido de arrefecimento escapassem.


    Vinte e oito horas após o acidente ter começado, o então vice-governador da Pensilvânia, William Scranton III, apareceu em um boletim de notícias para dizer que a Metropolitan Edison, dona da fábrica, assegurou ao estado que "tudo estava sob controle".[5] Mais tarde naquele dia, o vice-governador mudou sua afirmação, dizendo que a situação era "mais complexa do que a empresa antes nos levou a acreditar". Havia declarações conflitantes sobre lançamentos de radioatividade. As escolas foram fechadas e os moradores foram instados a permanecer em casa. Os agricultores foram informados para manter seus animais em lugares cobertos com alimentos.


    O então governador Dick Thornburgh, sob o conselho do presidente da Comissão Reguladora Nuclear Joseph Hendrie, aconselhou a evacuação "de mulheres grávidas e crianças de idade pré-escolar (...) dentro de um raio de 5 milhas (8 km) da instalação de Three Mile Island". A zona de evacuação foi ampliada para um raio de 20 milhas (32 km) na sexta-feira, 30 de março. Dentro de dias, 140.000 pessoas deixaram a área. Mais da metade da população de 663.500 pessoas no raio de 20 milhas (32 km) permaneceu naquela área. De acordo com uma pesquisa realizada em abril de 1979, 98% dos evacuados voltaram para suas casas dentro de três semanas.


    Um dia depois do acidente, um grupo de ecologistas mediu a radioatividade em volta da usina, a intensidade era oito vezes maior que a letal. Uma área de até 16 quilômetros em volta de Three Mile Island estava contaminada. Apesar de ter sido declarado o estado de emergência, nenhum dos 15 mil habitantes que moravam numa área até dois quilômetros da área contaminada foi evacuado. O governador Dick Thornburgh, iniciou a retirada dos habitantes só dois dias depois, começando com as gestantes e crianças.





    Fonte: Wikipedia

  • 1986 - Chernobyl - União Soviética

    O acidente de Chernobyl foi um acidente nuclear catastrófico ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986 no reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, perto da cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia Soviética, próximo da fronteira com a Bielorrússia Soviética. O acidente ocorreu durante um teste de segurança ao início da madrugada que simulava uma falta de energia da estação, durante a qual os sistemas de segurança de emergência e de regulagem de energia foram intencionalmente desligados.

    Houve uma pico repentino e inesperado de energia. Quando os operadores tentaram um desligamento de emergência, ocorreu um aumento muito maior na produção de energia. Este segundo pico levou a uma ruptura do vaso do reator e a uma série de explosões de vapor. Esses eventos expuseram o moderador de grafite do reator ao ar, fazendo com que ele se inflamasse. Na semana seguinte, o incêndio resultante enviou longas plumas de pó altamente radioativo para a atmosfera, causando a precipitação radioativa em uma extensa área geográfica, incluindo Pripyat. As plumas percorriam grandes partes da União Soviética e da Europa. De acordo com dados oficiais pós-soviéticos, cerca de 60% delas atingiram a Bielorrússia.


    Trinta e seis horas após o acidente, as autoridades soviéticas estabeleceram uma zona de exclusão de 10 quilômetros, que resultou na rápida evacuação de 49 mil pessoas, principalmente de Pripyat, o centro populacional mais próximo. Durante o acidente o vento mudou de direção; o fato de as diferentes plumas do reator terem diferentes proporções de radioisótopos indica que as taxas relativas de liberação de diferentes elementos do local estavam mudando.


    Como as plumas e a precipitação subsequente continuaram a ser geradas, a zona de evacuação foi aumentada de 10 km para 30 km cerca de uma semana após o acidente. Outras 68 mil pessoas foram evacuadas, inclusive da própria cidade de Chernobyl. O levantamento e a detecção de pontos isolados de precipitação fora desta zona ao longo do ano resultaram na evacuação de outras 135 mil pessoas. Entre os anos de 1986 e 2000 o número total de pessoas permanentemente reassentadas das áreas mais severamente contaminadas triplicou para cerca de 350 mil pessoas.





    Fonte: Wikipedia

  • 1987 - Goiânia - Brasil

    O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada, no centro de Goiânia, em Goiás. Foi classificado como nível 5 (acidentes com consequências de longo alcance) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, que vai de zero a sete, em que o menor valor corresponde a um desvio, sem significação para segurança, enquanto no outro extremo estão localizados os acidentes graves.


    O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro-velho do local, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil é o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.


    O Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) era um instituto privado, localizado na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia. O equipamento que gerou a contaminação na cidade entrou em funcionamento em 1971, tendo sido desativado em 1985, quando o IGR deixou de operar no endereço mencionado. Com a mudança de localização, o equipamento de radioterapia foi abandonado no interior das antigas instalações. A maior parte das edificações pertencentes à clínica foi demolida, mas algumas salas — inclusive aquela em que se localizava o aparelho — foram mantidas em ruínas.


    Foi no ferro-velho de Devair Ferreira que a cápsula de césio foi aberta para o reaproveitamento do chumbo. O dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCl), mas que emite um brilho azulado quando em local desprovido de luz. Devair ficou encantado com o pó que emitia um brilho azul no escuro. Ele mostrou a descoberta para sua esposa Maria Gabriela, bem como o distribuiu para familiares e amigos. O irmão de Devair, Ivo Ferreira, levou um pouco de césio para sua filha, Leide das Neves, que tocou na substância e ingeriu as partículas do césio junto com um ovo cozido que sua mãe havia preparado para o jantar. Outro irmão de Devair também teve contato direto com a substância. Pelo fato de esse sal ser higroscópico, ou seja, absorver a umidade do ar, ele facilmente adere à roupa, à pele e aos utensílios, podendo contaminar os alimentos e o organismo internamente. No dia 23 de outubro morreram Leide e Maria Gabriela. Devair Ferreira passou pelo tratamento de descontaminação no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, e morreu sete anos depois.


    Após expostas à presença do material radioativo, em algumas horas as pessoas começaram a desenvolver sintomas: náuseas, seguidas de tonturas, com vômitos e diarreias. Alarmados, os familiares dos contaminados foram inicialmente a drogarias procurar auxílio, alguns procuraram postos de saúde e foram encaminhados para hospitais.



    Demora na detecção


    Os profissionais de saúde, observando os sintomas, pensaram tratar-se de algum tipo de doença contagiosa desconhecida, medicando os doentes em conformidade com os sintomas descritos. Maria Gabriela desconfiou que aquele pó que emitia um brilho azul era o responsável pelos sintomas que ocorriam na sua família. Ela e um empregado do ferro-velho levaram a cápsula de césio para a Vigilância Sanitária, que ainda permaneceu durante dois dias abandonada sobre uma cadeira. Durante a entrevista com médicos, a esposa do dono do ferro-velho relatou para a junta médica que os vômitos e diarreia se iniciaram depois que seu marido desmontou aquele "aparelho estranho".


    O físico Walter Mendes Ferreira, que viria a se tornar membro da equipe da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi o primeiro profissional a descobrir que se tratava de um acidente radiológico: através do uso de dois detetores - em momentos distintos - Walter determinou os altos níveis de radiação, o que permitiu a adoção de uma série de medidas de remediação, incluindo o correto diagnóstico das vítimas. A atuação do profissional inclusive foi decisiva na não ampliação da tragédia: um bombeiro, por desconhecimento, iria descartar o material em fluxo de água corrente.


    O acidente foi descrito em vários documentários internacionais, além de filmes, programas de televisão, canções, artigos acadêmicos, teses e dissertações e livros.





    Fonte: Wikipedia

  • 2011 - Fukushima - Japão

    Acidente nuclear de Fukushima foi um desastre nuclear ocorrido na Central Nuclear de Fukushima I em 11 de março de 2011, causado pelo derretimento de três dos seis reatores nucleares da usina. A falha ocorreu quando a usina foi atingida por um tsunami provocado por um maremoto de magnitude 8,7.


    Medições realizadas pelo Ministério da Ciência e Educação do Japão nas áreas do norte do Japão entre 30 e 50 km da área apresentaram níveis altos de césio radioativo, suficientes para causar preocupação. Alimentos produzidos na área foram proibidos de serem vendidos. O governo de Tóquio recomendou que a água da torneira não fosse usada temporariamente para preparar alimentos para crianças. Contaminação por plutônio foi detectada no solo em dois locais da central nuclear.


    A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou em 27 de março que os trabalhadores da central foram internados por precaução, em 25 de março, por terem sido expostos a níveis de radiação entre 2 e 6 Sv em seus tornozelos quando em pé na água na unidade 3. A reação internacional ao acidente também era preocupante. Especialistas dizem que uma força de trabalho de centenas ou mesmo milhares levariam anos ou décadas para limpar a área. Em 20 de março, o chefe de gabinete do secretário Yukio Edano anunciou que a estação seria desativada logo que a crise acabasse.


    Vazamentos de material radioativo


    Em 9 de abril de 2013, houve vazamento de água radioativa proveniente dos tanques subterrâneos de armazenamento, contaminando  o solo e as água nas proximidades. A Tepco (Tokyo Electric Power Company) informou que o vazamento havia sido mínimo e que fora controlado, sendo que a água radioativa já havia sido armazenada numa área restrita. Na ocasião, a usina de Fukushima já tinha armazenado mais de 270 mil toneladas de água altamente radioativa, consumindo mais de 80% da capacidade de armazenamento da usina. A Tepco adiantou que a quantidade de água contaminada deveria dobrar nos próximos três anos e que planejava atender a demanda de armazenamento através da construção de centenas de tanques de água adicionais, em meados de 2015.


    Três meses depois, em 9 de julho, a Tepco informou que o nível de césio radioativo da água de um poço na área da usina era 90 vezes maior do que três dias antes, e que a água contaminada poderia se espalhar pelo Oceano Pacífico. A Tepco também informou que os níveis de césio-134 na água do poço estavam em 9.000 becquerels por litro, ou seja, 150 vezes o nível máximo permitido. Já o nível de césio-137 atingira 18.000 becquerels - 200 vezes o nível permitido. Foram os mais altos níveis de césio apresentados desde o desastre de março de 2011.


    Contaminação do Oceano Pacífico


    A Tepco usa diariamente um grande volume de água para refrigerar os reatores da usina que foram desativados após o acidente. Toda essa água é armazenada em mais de mil tanques construídos no local. Em contato com as varetas de combustível nuclear, a água se torna altamente radioativa e precisa ser armazenada em grandes tanques, onde passa por um processo de purificação. 400 toneladas de água radioativa são produzidas a cada dia em Fukushima.


    Em agosto de 2013, quase dois anos e meio após o acidente nuclear, verificaram-se vários vazamentos de material radioativo e, ainda, a possibilidade de um grande transbordamento de água contaminada com material radioativo para o Oceano Pacífico, colocando em estado de emergência o complexo nuclear de Fukushima.


    Os efeitos da nuvem radioativa chegaram até a costa oeste do Canadá.





    Fonte: Wikipedia